Por que “copas” é representado por um coração e “ouros”, por um losango?
O baralho-padrão vem da fusão de elementos dos baralhos espanhol
(ou
italiano) e francês, com características acrescentadas pelos ingleses.
Os primeiros baralhos que se difundiram pela Europa, a partir do século
14, traziam figuras de taças (copas, em espanhol), bastões, moedas de
ouro e espadas.
Assim eram os baralhos espanhóis e italianos.
O BARALHO ESPANHOL
O baralho
espanhol tradicional compõe-se de quatro naipes ou séries de cartas:
ouros, copas, espadas e paus (bastões). Cada um dos naipes é formado por
sete ou nove cartas com índice numérico e três figuras (valete,
cavaleiro e rei),
estas sempre numeradas de 10 a 12,
independente das
cartas de índice numérico que estejam em uso.
Assim, o baralho espanhol
pode ser de 49 cartas
(do um ao sete mais as três figuras, por naipe).
É
incorreto considerar o de 40 cartas como um baralho incompleto,
ao qual
faltariam as cartas oito e nove.
Trata-se de um baralho diferente, para
jogos específicos, mas é em si mesmo um baralho espanhol completo.
O rei é representado pela figura de um monarca coroado, que está de pé. Geralmente, trata-se de homens de idade, com barbas, embora os reis de copas e de ouros costumem parecer mais jovens.
Normalmente, o rei de
copas aparece com um cetro.
A figura do
cavaleiro, um ginete montado num cavalo que se apoia nas patas
traseiras, é a que mantém a iconografia mais característica da Idade
Média.
Em alguns baralhos, extremamente raros, os cavaleiros aparecem
desmontados, puxando o cavalo pela rédea. Desde o século XVIII, os
cavaleiros de copas e de ouros costumam olhar para a esquerda, enquanto
os de paus e os de espadas o fazem para a direita. Foi também naquele
século que começou a aparecer a expressão "Ahí vá" (aí vai) - também
escrita "AI-VA" - aos pés do cavaleiro de copas.
O valete, representado como um pajem colocado de pé, simboliza o criado ou o mensageiro. As cores das calças, inicialmente todas vermelhas, e dos saiotes, bem como a posição das pernas e a colocação do motivo do naipe, variam segundo os naipes e a imaginação dos autores de cada desenho.
É possível observar que, com a adoção dos sinais, os naipes do baralho são ordenados do seguinte modo: ouros, copas, espadas e paus. Isto é, segundo a interpretação mais comum da simbologia dos naipes, primeiro vem a monarquia; depois, a Igreja; segue-se a nobreza; e, em último lugar, o povo.
O BARALHO FRANCÊS
Após o Renascimento, popularizou-se o modelo francês, que trazia figuras
estilizadas representando cada um dos naipes: corações (coeur), trevos
(trèfle), quadrados (carreau) e pontas de lança (pique),
nomes que se
mantêm até hoje na terra de Asterix.
Como os logotipos franceses eram
mais simples de imprimir em larga escala, eles prevaleceram.
O baralho francês compõe-se de 52 cartas distribuídas em quatro naipes: paus, ouros, copas e espadas. Cada um desses naipes é constituído por treze cartas: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez e as três figuras, que se chamam valete (V, de valet, equivalente ao bube alemão, ao jack inglês e à sota espanhola), dama (D, de dame, equivalente à dame alemã e à queen inglesa) e rei (R, de roi, equivalente ao könig alemão, ao king inglês e ao rey do baralho espanhol).
Comparado a
outros baralhos usuais da época (italiano, espanhol e alemão), o baralho
francês é original na adoção da personagem feminina (a dame) como
figura intermediária, já que tanto no baralho alemão (oberman) como nos
italiano e espanhol (cavalo/cavaleiro) essa figura, como as outras duas,
é masculina.
Não se conhece o motivo exato dessa preferência, que é
atribuída tanto à influência das rainhas francesas quanto à de Joana
d'Are, a heroína francesa da Guerra dos Cem Anos contra os ingleses. É
possível, também, que a dame proceda das quatro figuras do baralho de
tarô.
BARALHO ALEMÃO
Existem dois
tipos de baralho que podem ser incluídos na classificação genérica de
baralho alemão. Um deles é o de 52 cartas, versão germânica dos baralhos
francês e inglês; outro é o baralho de símbolos alemães, geralmente
compostos por 32 ou por 36 cartas. O baralho de 52 cartas compreende os
conhecidos quatro naipes - de paus, ouros, copas e espadas. Cada um
desses naipes engloba treze cartas: ás (A), dois, três, quatro, cinco,
seis, sete, oito, nove e dez, mais as três figuras: o valete, que recebe
o nome de bube (B), equivalente ao valete francês e ao jack inglês; a
dama, chamada dame (D), equivalente à dame francesa e à queen inglesa; e
o rei, o könig (K), equivalente ao roi francês e ao king inglês.
Os
desenhos dessas figuras são os que se apresentam mais elaborados nos
dois tipos de baralho alemão.
Em muitos casos, trata-se de verdadeiras
obras de arte, que se vinculam à tradição dos gravadores germânicos,
considerados entre os de mais prestígio na Europa.
O segundo tipo de
baralho, sem dúvida o mais ligado à cultura popular e à iconografia
alemãs, tem por símbolos corações, bolotas, guizos e folhas.
Esses
signos, tal como ocorre no baralho espanhol, estão associados aos
diversos estamentos da sociedade medieval.
Assim, considera-se que os
corações representam a Igreja; os guizos, a nobreza (por sua afeição à
falcoaria); as folhas, à burguesia; e as bolotas, aos servos e classes
inferiores
BARALHO SUÍÇO
Trata-se de uma
evolução do baralho alemão, caracterizada pela diferente simbologia
utilizada para assinalar os naipes. O baralho suíço tem as mesmas
figuras - könig, ober, unter - e elementos do
baralho alemão: bandeira no lugar do dez, ausência do ás e um papel
honorífico especial do dois, no desenho e no jogo.
No entanto, os naipes
desse baralho incluem escudos ou brasões no lugar dos corações, bem
como flores no lugar das folhas. As bolotas e os guizos permanecem.
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